O  tempo tem uma medida  estranha quando os momentos são importantes e   especiais. Tudo podia  ter sido diferente, se o tempo ou lugar fossem   outros. São os  fragmentos, juntos, que fazem as grandes histórias, os   grandes  sentimentos. É como se te conhecesse desde sempre. Ouço a tua   voz e  chego à tua alma. Ensinaste-me a entender-te e aprendi a saber o   teu  ser. A tua maneira. Aprendi-te. Mas já nos conhecíamos. Agora que   nos  aprendemos, tivemos apenas de nos apresentar. O resto já sabíamos.   Já  entendíamos tudo. Lançou-nos a rede, onde te encontro sempre, onde te    quero ver, onde quero que estejas. O que vivemos em tão pouco tempo, o    que conhecemos e aprendemos um com o outro, não foi só para que    sofrêssemos que a nossa rede nasceu. É o suporte do que construímos, e    que o tempo torna cada vez mais sólido. Vou sentir a falta de poder    existir no teu tempo de outra maneira. Sei porém que o destino não nos    vai privar um do outro, nem de tudo o que construímos com a maior    cautela e risco. Quero estar lá quando te apetecer chorar e não souberes    porquê. Quando algo correr mal e precisares de te apoiar um segundo, a    correr. Quando não souberes o que fazer. Quando te sentires sozinho,    mesmo no meio de gente. Quero que contes comigo. Sempre. Nem que seja    para te escutar e nada dizer. Ou apenas para murmurar "Boa noite.",    ouvir a tua voz e saber o que te vai na alma. Já nos escondemos de    olhares conhecidos, fugimos e esperámos o possível, quando havia mais    alguém do que as paredes. Errei no teu olhar, sem nada poder dizer.    Desejei-te e neguei-o até conseguir. Até te experimentar demasiado perto    e entranhado no meu espírito. Não havia pressa. Já chorámos debaixo  de   uma Lua que anunciava uma despedida. E os nossos corpos, porém,    fundiam-se em abraços que nos aproximavam cada vez mais. Parti e    continuei a sentir-te por perto… As lágrimas não me deixavam mentir, as    lágrimas que me mostravam a alma, não deixaram nunca de cair, sempre   que  a realidade era mais forte do que a emoção. De te ouvir, sonhar,    pensar, querer. Sentia-te, entre as paredes, como numa fábula em que    queria viver. Fechava os olhos e deixava-me estar ali, contigo dentro de    mim, guardando aquela memória como se pudesse ser eterna. E num abrir  e   fechar de olhos mais te descobria, em momentos mágicos como  efémeros.   Abraçava-te sem fôlego e beijava-te num abrir e fechar de  olhos, para   que pudesse acreditar. E foi num abrir e fechar de olhos,  num abraço,   que me dei conta do que mais sentia. Ensinaste-me e  fizeste-me sentir o   que mais nos atormenta, o que mais medo nos faz  ter, por medo de perder   um dia. Levaste-me ao céu e por lá fiquei a  pensar em ti. Murmurava o   teu nome no meu silêncio e os meus sentidos  despertavam. Chegaste aonde   ninguém tinha chegado ainda. No meu  espírito, na minha alma, no meu   coração. Pela primeira vez, acreditei  nas histórias do destino e fábulas   infantis em que existe um príncipe  que encaixa em nós como um vestido   feito por medida. Provei a mim  própria que tudo isto podia existir e   que, na vida, por vezes,  perdemos oportunidades de sermos felizes, com   medo de arriscar, com  medo de sofrer, com medo de sermos julgados.   Ensinaste-me tudo isto,  deste-me tudo o que podias, até ao dia em que   quase tudo me levaste.  Levaste-me ao céu, sim, mas deixaste-me lá ficar.   E agora olha bem  para mim. Vá, demora-te um pouco, eu finjo não te  ver,  se preferires.  Mas olha. E vê. Repara como te estendi a mão, como  te  sorrio. Como sou  franca e forte e alta. Vês? Consegues sentir no ar o   cheiro da minha  força, que não se intimida mais com o teu silêncio? E   ouves? O som dos  meus passos confiantes e decididos? Parece que não,  que  guardas de  mim apenas o retrato frágil e descolorado que te dei há  uns  meses.  Apenas o sorriso de te ter a meu lado. Ainda me dás  sorrisos,  para  achares esse retrato mais verdadeiro que estas  palavras?...Estás   contente? É que eu vou estar. Acredita, se fores  capaz. Por isso, se   calhar era mesmo melhor olhares para mim. Vamos  olhar muitas vezes para   os olhos um do outro, só nós os dois sabemos o  que existe de  verdade….  Mas olha, vê, repara e convence-te… O teu olhar  e o teu  sorriso têm algo  de especial, sim. Mas não mos mostres se não  forem  sinceros. Porque  esse sorriso ficou captado no tempo, para  sempre, de  quando fomos  genuinamente felizes. E isso, já ninguém nos  tira. Afinal  nem e assim  tão mau. Este pensamento reconforta, e por uns  momentos  voltamos a  sorrir, como se ainda fossemos tão felizes como  antes. E  assim, apenas  com um sorriso, aprendemos a ser felizes de  novo, a  nascer outra vez  para essa felicidade. Aquela que, no fundo,  esteve  sempre ali. E no  entanto, antes das palavras gastas, tenho a  certeza  de que todas as  coisas estremeciam só de murmurar o teu nome no   silêncio do meu coração.  Mas lembrei-me que já não me lembro de ti, ou   faço por isso. Não  chorei. Como louca, até sorri.

 
17 comentários:
Dá :o
Está LINDO :3
Vou-te seguir também .
Naquela barra em cima do cabeçalho :O tem que lá estar, eu nao tirei xD
Obrigado x)
Personalizar » Carregas em Editar na parte de Mensagens de Blogue » e pões o visto onde diz reacções :)
amei o teu texto *.*
adoro o teu blog querida (:
obrigada querida :D
também gostei do teu (:
tens bom gosto ;)
escreves tão bem, mafalda.
não tens mesmo a noção (L)
desafio para ti no meu blog *
adoro os MUSE (:
não :/
e tu ?
uao *.*
adorei =)
:)
profundo...
e sim, podes publicar o que quiseres...
1 kiss.
Daquelas que já vi, sim é Leiria :)
Está mesmo "coisinho"(não sei como dizer)o texto :)
Parabéns por seres uma doutora que escreve bem :P
Obrigado :$
E eu!
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